quarta-feira, julho 30, 2014
Ao contrario do que se pensa, é possível recuperar da adicção
Suicídio: um acto silencioso e isolado fundamentado em
sentimentos temporários e dolorosos.
Acompanhei inúmeras pessoas que durante uma fase atribulada
e dolorosa das suas vidas, afectadas pela adicção activa, contemplaram o
suicídio. A adicção é uma doença que na sua génese gera imenso sofrimento, isolamento
e que precisa de ser tratada; não é uma questão moral ou fraqueza, mas um
problema de saúde, tal como muitos outros. Após ultrapassarem essa
fase adversa, essas são pessoas, hoje, não menosprezam as lições do devir. A
maioria de nós, nos momentos atribulados de dor intensa, questiona a existência
angustiada e atormentada, mas depois de transpor estes sentimentos dolorosos,
ficamos mais lúcidos e conscientes das nossas limitações. Apesar de precisarmos
de aprender a viver com a dor, podemos e conseguimos mitigar o sofrimento e o
isolamento. Como bem sabemos, e por vezes ignoramos, o ego inflamado pode
conduzir-nos às nuvens, mas quando fica dorido, também pode arrastar-nos para a
escuridão.
É um mito considerarmos que o suicídio é um "acto de
cobardia ou de coragem". A fim de esclarecer melhor esta questão, podemos
fazer esta analogia; decidir matar outra pessoa só por não gostarmos dela nunca
será considerado um acto de coragem ou cobardia. Podemos aplicar a mesma logica
ao suicídio; fazer mal a nós mesmo, quando nos sentimentos angustiados e deprimidos,
também nunca será um acto de cobardia ou coragem. Qualquer pessoa que pense no
suicídio estará naquele período de tempo, a viver uma vida atormentada e em
sofrimento atroz. Para todos os efeitos, está doente e debilitada. Como é que
gerimos os nossos sentimentos quando nos sentimos impotentes perante a angústia
e o tormento? Quando sentimos que estamos sós e rejeitados?
“Não tome decisões permanentes, sobre sentimentos
temporários.”
Saiba mais sobre a dor e o suicídio. SOS Voz Amiga Você não está sozinho/a
Dr William D. Silkworth
Dr. William Duncan Silkworth (1873-1951)
"Especializei-me no tratamento do alcoolismo durante muitos anos.
No inicio dos anos 30, tratei um paciente que, apesar de ter sido um homem de negócios competente, com muita capacidade para ganhar dinheiro, era um alcoólico de um tipo que eu tinha chegado a considerar irrecuperável.
Durante o seu terceiro tratamento adquiriu determinadas ideias sobre um possível programa de recuperação. Como parte da sua reabilitação, começou a dar a conhecer os conceitos do seu programa de recuperação a outros alcoólicos, incutindo neles a necessidade de fazer o mesmo com os outros. Este conceito veio a tornar-se a base de uma associação formada por alcoólicos em recuperação e pelas suas famílias em rápido crescimento. Tudo leva a crer que este homem e mais uma centena se recuperaram .
Pessoalmente, conheço também um numero de casos idênticos em que outras abordagens diferentes falharam por completo.
Estes factos parecem ter a maior importância médica, e devido às extraordinárias possibilidades de rápido crescimento inerentes a este grupo, eles podem vir a assinalar uma nova abordagem nos anais do tratamento do alcoolismo. É bem possível que estes homens tenham um solução para milhares de casos de pessoas com problemas com o álcool.
Pode confiar-se inteiramente em tudo aquilo que partilhem a respeito de si próprios.
Atenciosamente,
William D. Silworth"
Comentário: No passado dia 27 de Julho de 2014 celebrou-se setenta e seis anos (76) após a publicação da carta do Dr. Silkworth. Podemos constatar que a sua visão sobre "(...) estes homens..." veio revelar-se uma realidade inquestionável, não só nos EUA, mas em todo o mundo, incluindo Portugal. Faço votos que mais profissionais da saúde, em Portugal, possam também ter uma visão semelhante sobre o tratamento do alcoolismo visto ainda existirem imenso mitos e falsos preconceitos sobre o programa de recuperação dos Alcoólicos Anónimos. RIP, Dr Silkworth.
terça-feira, julho 15, 2014
sexta-feira, julho 11, 2014
Desafio ou estorvo
Considera que precisa de mudar algo na sua vida? Você está
numa fase de ambivalência? Se a resposta a estas duas questões é sim, este post é para si.
Alguns factores servem para desmotivar:
- Definir objectivos ambíguos e irreais.
- Focar a atenção somente em problemas insolúveis.
- Cismar pela negativa - andar sempre a queixar-se daquilo que não pode, não consegue e não resulta.
- Falta de reconhecimento, ambição e não participar no processo de mudança com acções construtivas – agente de mudança.
- Comparar e justificar o infortúnio com o sucesso dos outros.
- Relacionar-se com pessoas, que afirmam "Não vais conseguir" ou “Não vale a pena tentares, porque não vais ser és capaz.”
- Ansiedade extrema e projectar no futuro as desilusões e falhanços do passado como se fosse uma profecia; acreditar que vão voltar a acontecer. Consequentemente iremos ficar paralisados e incapazes de criar novas alternativas.
Assuma inteira responsabilidade pelos seus sentimentos e
comportamentos. Cabe a nós decidir o rumo das nossas acções, de acordo com os
sentimentos que estamos a sentir em determinada altura e em alinhamento com as
nossas convicções. Quando conseguimos reunir a motivação necessária conseguimos
feitos extraordinários e fora do comum.
1. Escreva uma lista das vantagens e das desvantagens na mudança.
2. Escreva uma lista das opções e dos recursos que dispõe a fim
de reforçar as competências necessárias.
3. Escreva uma lista de pessoas que o/a apoiam na mudança.
4. Os seus objectivos precisam de ser específicos, realistas, auto motivacionais, medíveis no tempo, atingíveis e de fácil compreensão.
“ O desejo de fazer alguma coisa porque se considera essa
coisa profundamente satisfatória e pessoalmente desafiadora é o que inspira os níveis
mais elevados de criatividade, quer nas artes, quer nas ciências ou nos
negócios.
Teresa Amabile, Professora da Universidade de Harvard
sábado, julho 05, 2014
Filhos de pais alcoolicos
Este texto, enviado pela Renata, veio no seguimento de
uma publicação no Facebook onde solicitei o envio de experiências de adultos,
que tenham tido pais com problemas de álcool e/ou drogas ilícitas. Eis o relato
da Renata.
“Tenho um pai e uma irmã que bebem todos os fins de semana,
e às vezes, no meio da semana. Vivem dizendo que é normal, e que, como todos
fazem , que mal tem ? Mas percebo a incoerência nas atitudes, no modo de vida
maquiado como normal, porém completamente fora do contexto. Percebo atitudes
completamente diferentes do "viver em conjunto" o álcool ou a adicção
retirou deles o pé do chão, como se estivessem literalmente voando ou como se
vivessem em outro mundo sendo o convívio muito difícil dado ao fato que podemos
ser diferentes mas precisamos concordar em conectar.
Não há dessas pessoas o menor interesse em saber sobre isso
ou parar esse processo...sou adicta e “limpa” e esses familiares precisam de
ajuda mas talvez a única maneira de ajudá-los seja ficando bem longe!
João, acabo de expor-lhe minha realidade e tem a ver com o post sobre familiares adictos!
Obrigada”
Renata Ramos
Nota: Todos os
dados foram preservados com a devida autorização da autora. Contra o
estigma, a negação e a vergonha. Bem-haja Renata.
Comentário: Tal
como a Renata refere, a estrutura familiar aparenta estar afectada pelo álcool.
Segundo alguns estudos, nos EUA, referem:
- Os filhos de pais alcoólicos estão mais vulneráveis ao risco de desenvolverem problemas com substâncias psicoactivas – abuso e dependência.
- Os pais que apresentam problemas com álcool e/ou outras drogas podem influenciar os comportamentos dos seus filhos. O consumo e o abuso de drogas, incluindo o álcool, podem ser considerados permissivos entre a família, incluindo as crianças.
- As famílias afectadas pelo álcool e/ou outras drogas estão mais propensas ao conflito, comparativamente, aquelas famílias que não estão expostas ao problema do álcool e/ou drogas. Os problemas na família giram em torno do consumo e do abuso de substâncias psicoactivas.
- O ambiente familiar disfuncional, relacionado com o álcool e/ou outras drogas, propicia a negligencia das crianças e a falta de comunicação entre os seus membros; referências parentais, os papéis na estrutura e dinâmica da família e a gestão de conflitos.
- Alguns problemas identificados nas famílias com problemas de álcool e/ou outras drogas: Tendência para o incremento do conflito familiar, violência física e emocional, redução da coesão e da organização familiar, stress e isolamento, problemas de saúde e no trabalho, problemas/conflitos conjugais e financeiros, mudanças drásticas na estrutura familiar, incluindo as crianças.
O seu pai e/ou mãe tem um problema com álcool? Ou drogas?
Caso você seja filho/a de pais alcoólicos ou dependentes de drogas ilícitas
escreva um pequeno texto sobre a sua experiência a fim de ser publicada no meu
blogue. Pela minha experiência profissional de duas décadas e apesar de não
existir estudos sobre este tema, existem em Portugal centenas, de filhos de
pais alcoólicos ou dependentes de drogas, hoje adultos, que ainda sofrem em
silêncio o trauma, o estigma e a vergonha. Recuperar É Que Está A Dar
Importante: Todos
os dados são confidenciais. Sigilo total
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