sexta-feira, dezembro 06, 2013

Recuperar das compras compulsivas


As compras compulsivas são um problema actual menosprezado.

Todos os dias fazemos compras. Todos os dias, por variadíssimas razões e motivos gastamos dinheiro. Gastamos dinheiro porque estamos tristes ou porque estamos felizes. Gastar dinheiro faz parte do dia-a-dia, do ser social, da auto estima e isso é OK.

Entretanto, existe outra realidade, sobre o gastar dinheiro, que tem sido negligenciada. Somos bombardeados a um número indeterminado de estímulos para fazer compras, onde para isso,  necessitamos de recorrer a estratégias altamente engenhosas para equilibrar os nossos orçamentos. Perante tanta oferta, facilmente nos iludimos com o “Preciso de comprar aquilo…” quando na realidade, “aquilo” não é uma prioridade, mas uma necessidade de satisfazer os nossos desejos e vontades com base no prazer imediato. Basta entrarmos no centro comercial e ao fim de 15 minutos, já dispomos de uma lista de coisas que precisamos de preciso comprar. Sentimo-nos bem a gastar dinheiro. Todos nós estamos sujeitos a este fenómeno, todavia gastar dinheiro compulsivamente, comportamento adictivo, está associado a uma fonte intensa de prazer e bem-estar com consequências negativas (problemas familiares, incluindo as crianças, stress, dividas, créditos,) efeito semelhante ao individuo que abusa de substâncias psicoactivas, vulgo drogas.

Estamos prestes a iniciar a época natalícia, segundo a tradição, é uma das alturas do ano que mais se gasta dinheiro. O Natal é um período crítico de risco que justifica os exageros e os excessos em relação às compras compulsivas. Por exemplo, no final de Janeiro do ano seguinte, os extractos da conta bancaria são reveladores da perda do controlo, muitas vezes fonte de discórdia e conflito entre o casal.

 
Ao longo dos últimos 5 anos, tenho recebido inúmeros pedidos de ajuda de pessoas preocupadas com determinados comportamentos compulsivos associados a gastar dinheiro. Recordo o último, uma mãe e avó extremamente ansiosa, porque a sua filha estava prestes a passar por um divórcio litigioso, onde um dos factores predominantes está relacionado com as compras compulsivas e consequências negativas. Por exemplo; dividas, gastos frequentes e injustificados, utilização excessiva de cartões de débito/crédito, mentiras e promessas sucessivas para interromper o problema sem êxito, com a agravante de a neta estar, no meio desta tempestade, a sofrer as consequências de os pais andarem em conflito permanente.
Como sabemos, existe uma cultura de comparação pelo dito sucesso do outro (pessoas ditas bonitas). Vivemos ideais de grandeza e a busca incessante de afirmação/estatuto social, a qualquer custo. Do ponto de vista do consumismo, o comportamento compulsivo associado às compras é perfeitamente aceitável e encorajado. Eis alguns mitos associados às compras: pessoas bem-sucedidas, sofisticadas, felizes e que estão em controlo das suas vidas. As pessoas que são compulsivas com as compras raramente mantêm em segredo as suas novas aquisições, pelo contrário, exibem-nas com pessoas com o mesmo tipo de compulsão. É motivo de conversa e divertimento. Todavia, por outro lado, fazem segredo sobre os gastos excessivos das pessoas significativas que não partilham do mesmo interesse (membros de família). Envereda-se por um tipo de vida dupla de vergonha, culpa e ressentimento.

Quando admiramos, exageradamente a nossa imagem, sentimos que nunca somos suficientemente extraordinários a fim sermos dignos de reconhecimento. Isto é, rapidamente as compras revelam-se efémeras, fonte de angústia e ambivalência. É preciso comprar mais a fim de seguir as tendências da moda e o estatuto social. Queremos manter um estatuto e vivemos de acordo com exigências e expectativas próximas da perfeição. Por outro lado, sentimos o pânico de ser consideradas pessoas comuns. Vivemos com medo de ser banalizados, não ser reconhecidos e ou ser rejeitados. Sabia que os meios de comunicação social e a indústria da moda ditam as regras sobre a forma como nos relacionamos com o nosso corpo/imagem. De acordo com essas regras disfuncionais, só as pessoas com corpos, ditos bonitos e magros são felizes e bem-sucedidas. Isso é completamente falso.

Considera que tem um problema de comportamento associado às compras? Você não é a único/a. Comportamento compulsivo é uma vontade incontrolável, irresistível, repetitiva e cronica em gastar dinheiro, cujo objectivo está associado ao prazer e bem-estar.

Identifica um problema de comportamento com compras? Responda a este questionário.
  • Quando tenho dinheiro não consigo evitar gastar uma parte ou a totalidade.
  • Frequentemente identifico o comportamento impulsivo a fazer compras/gastar dinheiro.
  • Fazer compras/gastar dinheiro é uma forma de aliviar e relaxar do stress do dia-a-dia.
  • Algumas vezes, identifico um desejo/vontade intensa em fazer compras/gastar dinheiro.
  • Algumas vezes, faço compras, e não revelo este comportamento perante algumas pessoas significativas, com medo de ser interpretado/a como uma pessoa irracional.
  • Algumas vezes, identifico um desejo inexplicável e uma vontade irresistível para fazer compras/gastar dinheiro.
  • Quando vou ao centro comercial identifico um desejo/vontade irresistível para entrar numa loja e comprar algo.
  • Sou daquelas pessoas que compra/gasta dinheiro quando é solicitada/abordada por outro (catálogos de vestuário no correio, saldos, loja).
  • Frequentemente gasto dinheiro em produtos que não preciso, sabendo de antemão que me resta pouco dinheiro do meu orçamento.
  • Considero-me um/a gastador/a.
  • Identifico o pensamento “Se tivesse que fazer tudo de novo fazia-o na mesma…” e depois sentir remorso por ter dito ou feito algo.        Escala Valence, D`Astous e Fortier


Caso identifique um problema, adoptar o silêncio sobre o comportamento problemático não é a opção mais construtiva, visto distancia-lo/a de pessoas significativas, das suas proprioas convicções e modelos de comportamento positivo.
Depois de responder ao questionário caso tenha dúvidas pode contactar-me xx.joao@gmail.com



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