sexta-feira, setembro 28, 2007

Distúrbio Alimentar - Anorexia Nervosa


“A anorexia nervosa (AN) é uma doença relacionada com o comportamento alimentar. A característica mais comum é a perda de peso, associada a uma progressiva mudança de comportamento (medo de engordar). A perda de peso é lenta mas progressiva e, normalmente, tem início com uma dieta normal, podendo também ocorrer de forma brusca como consequência de uma determinada restrição alimentar. É designada de privação alimentar (jejum provocado e ou forçado, jejum prolongado ou ingerir alimentos com baixo teor de calorias). 
É um termo psiquiátrico e é a doença psiquiátrica que apresenta mais fatalidades – 20% das pessoas com esta doença vêm a falecer. Normalmente é tratada como uma doença mental (psiquiátrica) cuja nucleo, centra-se na família disfuncional e outros factores que incluem: a natureza da personalidade da rapariga/rapaz em causa, como por exemplo, a forma de relacionamento entre membros da família, problemas fora do contexto familiar, sobretudo na escola (pressão de pares), abuso, e factores genéticos. Na abordagem médica, normalmente, o aspecto adictivo é ignorado.


A anorexia nervosa é uma doença do comportamento alimentar em que o indivíduo luta de forma a manter um baixo consumo de alimentos, com episódios esporádicos de ingestão de alimentos a que alguns chamariam de alimentação moderada. Todavia, para a pessoa com A.N., estes episódios esporádicos são interpretados como inaceitáveis, terríveis binges (ingestão compulsiva, voracidade, empanturrar-se), com uma forte relação com a imagem corporal distorcida (dismorfia corporal). A maioria dos anorécticos utiliza manobras purgativas (vomitar, usar laxativos e/ou outros métodos de eliminação de alimentos) depois de um episódio de binge (ingestão compulsiva, voracidade, empanturrar-se).

A anorexia nervosa parece ser mais da área da psiquiatria do que da adicção. As pessoas com anorexia nervosa revelam mais do que pensamento e comportamento disfuncional, em relação à alimentação, pode envolver outras áreas. Em alguns casos a família é super controladora, demasiado protectora, e podem existir outros problemas que vão além da adicção na família. Generalizando, a maioria dos anorécticos não responde positivamente ao modelo de tratamento da adicção, mesmo sendo numa boa instituição.

  
Adicção á privação (jejum provocado, jejum prolongado ou ingerir alimentos com baixo teor de calorias) – a privação influencia e interfere em muitos neurotransmissores (cerebro) e outros agentes bioquímicos. Neste sentido, é plausível tornarem-se adictos aos próprios agentes bioquímicos.
Evitar a ingestão compulsiva/voracidade – A maioria dos anorécticos sentem um medo tremendo de comer (pânico), nas suas mentes surge o medo de não conseguir parar de comer. Este medo pode ter a origem no peso exagerado (passado) e ou obesidade na família.



Restringir/privação vs. Purgar alimentos (Manobras de Purgativas) - Muitos anoréxicos intercalam entre episódios de ingestão compulsiva de alimentos (voracidade, empanturrar-se - binge) vs. vomitar, usar laxativos e/ou outros métodos de eliminação de alimentos - (purge), apesar das regras auto impostas, muito restritas e rígidas, quanto à alimentação. È possível ser anoréxico e bulímico, ao mesmo tempo. Existem dois tipos de Anorexia Nervosa:

Anorexia Nervosa Restritiva - É caracterizada por uma dieta rigorosa e recusa em manter um peso normal e a Anorexia Nervosa
Compulsiva/Purgativa (também designada por Anorexia Nervosa Bulimica) - Aqui predominam as crises bulimicas e os comportamentos para evitar o aumento de peso. Os critérios de diagnóstico para a Anorexia Nervosa são: Recusa em manter o peso corporal para a idade e altura.

Efeitos da privação / jejum provocado – alteram o equilíbrio neuroquimica e as funções do organismo. O efeito, no cerebro (sistema límbico) parece ser semelhante aqueles encontradas nas drogas estimulantes do sistema nervoso central.

  
Má nutrição – A privação / jejum provocado, jejum prolongado ou ingerir alimentos com baixo teor de calorias significa ingerir quantidades insuficientes de proteínas, gordura entre outros nutrientes que produzem hormonas, especialmente hormonas femininas. Nas mulheres o organismo “desliga” parcialmente o sistema reprodutor, porque não é seguro trazer uma criança ao mundo para aquilo que pode ser interpretado como, um ambiente isento de alimentos. O ciclo da menstruação (menarca / período) torna-se irregular e pára na sua totalidade.
O organismo necessita de proteínas para viver, não existindo, vai retirar á massa muscular, por ex. o coração. Aparece a perda de cabelo, a perda de interesse sexual e o corpo fica coberto por uma pelugem fina.


Adicção à restrição alimentar/privação/jejum provocado – O corpo fica adicto aos desequilíbrios bioquímicos. Para ficar “pedrado” é preciso perder mais peso (controlo), com o tempo a tolerância à fome (controlo) vai aumentado, mecanismo semelhante ao efeito das anfetaminas e ou outras drogas estimulantes do sistema nervoso central. Esta aparenta ser a adicção mais atroz; consumir o próprio organismo para ficar “pedrado”.

Nervosa - refere-se ao aspecto mental da doença, a obsessão e os distúrbios perceptivos tornam-se extremos.

Medo de engordar – A imagem corporal fica distorcida (dismorfia corporal) de forma extrema. Mesmo que existam razões para este medo (ex. a tendência para a compulsão alimentar) a resposta ao sentimento é exagerada, inapropriado e destrutiva. Esta extrema distorção da imagem confunde e torna-se frustrante para os membros de família e pessoas significativa conseguirem ajudar a doente.
A ilusão do controle - A maioria dos anorécticos revela um tremendo controlo e poder sobre os seus sentimentos, por vezes, as pessoas que vivem com o doente ficam surpreendidas e admirados, fazendo comentários a esta “vantagem”, e reforçam este mecanismo de controlo. O controlo é uma ilusão, contudo é uma parte crucial para o funcionamento da anorexia. O controlo centra-se na alimentação, tipo de comida, gordura, peso, e através deste mecanismo; as pessoas.”

“Addiction-nary” Jan R. Wilson e Judith A. Wilson

Uma rapariga com um peso abaixo da média, ou seja, com IMC's (Indice Massa Corporal) baixos (ex:1,65 altura 38 Kg), provavelmente deixará de poder continuar a frequentar a escola.

Existe ainda uma causa que pode aumentar o risco de vir a sofrer de Anorexia Nervosa: a predisposição genética, ou seja, haver na família alguém que sofra da mesma doença.

Existem casos de indivíduos que apresentam um Duplo Diagnostico/Co-morbilidade, isto é, apresentam problemas com drogas (álcool, cocaína, anfetaminas, cannnabinoides, cafeína), concomitante com doenças do comportamento alimentar (anorexia, ingestão compulsiva e bulímia).

Segundo um estudo, efectuado nos EUA, a prevalência de doenças do comportamento alimentar, em conjunto com problemas com drogas, em indivíduos do sexo feminino, é de 16.3% e o inverso, indivíduos do sexo feminino com problemas com drogas e doenças do comportamento alimentar é de 25.7% (Blinder et al 1998). Em caso de tratamento, ambos os diagnósticos, devem ser abordados e tratados em conjunto.

Tratamento deve integrar um modelo bio-psi-social e espiritual (não significa religioso, sem dogmas e divindades), avaliação psiquiátrica, nutrição, terapia cognitiva/comportamental, terapia familiar, de grupo.
È possivel recuperar, existe esperança. A ajuda encontra-se à distancia de uma mão amiga e confidente. Em Portugal, milhares de pessoas sofrem de distúrbio alimentar. Este fenómeno ainda permanece negligênciado pelas autoridades competentes. 

Fontes naturais de prazer/recompensa – alimentos, agua, sexo e engrandecimento e elevação emocional e espiritual.

Fontes nocivas de prazer / recompensa – heroina, cocaína, álcool e nicotina.

Existe uma teoria segundo Steve Hyman, MD (CASA Conference, Jan. 2001)
“ O efeito causado pelo abuso de drogas copia de certa forma os efeitos provocados pelos neurotransmiossores evolvidos no sistema natural de prazer /recompensa...é uma teoria que apresenta a hipótese de as doenças do comportamento alimentar também atingirem este sistema.”

  
“ A privação/jejum provocado, ingestão compulsiva e as manobras de purgação, são tácticas auto induzidas, aumentando os níveis de circulação de B – edorfinas ( B- endorfina é um neurotransmissor que provoca a sensação de bem estar, euforia ou relaxamento) que são quimicamente idênticas às substancias opiáceas exógenas.”

http://iamrainbow.wordpress.com/2007/01/31/anorexia-supermodels/

http://www.correiodobrasil.com.br/noticia.asp?c=126589

http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDG76201-6014,00.html

http://isabellecomedienne.vox.com/

http://www.ansa.it/site/notizie/awnplus/english/news/2007-09-24_124118589.html

http://www.psicologia.com.pt/instrumentos/dsm_cid/dsm.php





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