segunda-feira, julho 30, 2007

Auto-Estima


Antes de falar na Auto-Estima vamos abordar alguns sintomas da doença da adicção. Encontramos na adicção, quer seja às substâncias psicoactivas lícitas, incluindo o álcool e ou ilícitas ou comportamentos - jogo, sexo, distúrbio alimentar, compras (shopaholics), shoplifting (furto), três vertentes, que estão interrelacionadas, que contribuem para uma baixa auto-estima no individuo adicto:

1. Física – Compulsão; processo uma vez despoletado pode ser extremamente difícil interromper,
2. Mental – Obsessão, preocupação exagerada (fixação) e ilusão (Negação),
3. Emocional /Espiritual - Total egocentrismo e isolamento social (egoísmo).



Sabemos também que este “triângulo” afecta todas as áreas da vida de um adicto (individual, familiar, social) automaticamente, afecta a sua auto-estima (auto conceito) de uma forma corrosiva e progressivamente. A baixa auto-estima é um problema comum, na maioria dos adictos, e em diversas situações passa despercebido sendo difícil de identificar. Recordo um adicto afirmar de uma forma espontaneamente “ Quando eu uso drogas sinto que a minha auto-estima é alta”. Para alguém que tem um problema de adicção, usar ( ou abusar, uso problemático) drogas lícitas, incluindo o álcool, e/ou ilícitas, é perfeitamente “normal”. Faz parte do seu dia-a-dia, como por ex. alimentar-se, dormir.




Para muitos potenciais adictos o uso de drogas lícitas, incluindo o álcool, e/ou ilícitas ou comportamentos adictivos surge da incapacidade para se auto-aceitarem (auto conceito) e lidar com os sentimentos dolorosos em situação de crise (baixa aptidão e falta de competências), associado a sentimentos de raiva, tristeza, ansiedade, confusão e medo. Desenvolvem um autocrítica muito rígida e perfeccionista, ex. certo e errado, julgamento pessimista de si mesmo, e /ou em alguns casos os adictos/as procuram a aceitação e o reconhecimento dos outros para o seu sentimento de inadequação. Na minha opinião, ninguém com uma auto-estima saudável se torna adicto/a, não quero com isto afirmar que a causa da adicção seja a baixa auto estima. É um sintoma, entre outros, de alguém adicto.




Outro aspecto que considero importante tem a ver com a qualidade das relações e afectos com as outras pessoas. Para alguns adictos existe uma incapacidade em se envolver em relações positivas (familiares e sociais) de uma forma honesta, assertiva e sincera. Isolam-se nas suas “conchas” com medo da rejeição e da intimidade, como mecanismo de defesa. A solidão, a inadequação, a auto-piedade, a manipulação e a desonestidade tornam-se os piores “inimigos” e “companhia”. Através deste estado de espírito, é mais fácil mudar a percepção da realidade (culpar os outros, ser uma vitima, um incompreendido) em vez de mudar as próprias atitudes e comportamentos com vista à adaptação à realidade. Participar activamente na mudança de padrão do “velho Eu”, do passado, para o “novo Eu” do presente, por ex. através da ambivalência. É importante substituir os “velhos" hábitos, crenças e padrões de comportamento por um novo estilo de vida, com base em princípios de vida, que promovam a valorização e o desenvolvimento pessoal, social e espiritual, não religioso sem dogmas e divindades.


A auto-estima (auto-conceito) é o resultado da interacção (qualidade dos nossos pensamentos, sentimentos e acções) individual e com as outras pessoas ao longo da nossa vida. Uma auto-estima saudável provoca sentimentos de auto-confiança, resiliência, ser amado e dar amor e motivação para enfrentar os desafios do dia-a-dia. Cada ser humano é um ser Único; não existe ninguém IGUAL no mundo. Isto é uma razão suficiente forte para se sentir orgulhoso. Manter a auto-confiança é “meia batalha ganha”, acreditar que primeiro - Você é suficientemente forte e positivo, que é possível recuperar da adicção, e segundo; Aconteça o que acontecer você não está sóSabemos que não é fácil mudar “velhos padrões e crenças” e comportamentos, soa a algo desconhecido e assustador. De qualquer maneira, uma auto-conceito positivo promove abertura a novas ideias e formas de viver.

Quando a auto-estima é saudável, o medo incapacitante de aceitar novos desafios e desenvolver novas aptidões é interpretado como é o impulso para a confiança (enfrentar as crenças derrotistas). Aceita-se o risco em fazer coisas novas e diferentes.Aprende-se a aceitar as limitações e os erros. Pelo menos tenta-se, o  “ Não é garantido...”.

Algumas dicas:
Faça afirmações positivas de uma forma persistente e determinado, aceite elogios das outras pessoas, peça e aceite ajuda e confie nas suas competências individuais e recursos. Estabeleça  novos objectivos, usufrua algum tempo só (com os seus pensamentos e sentimentos, por ex. meditação) e seja uma boa companhia, para si mesmo. Desenvolva a auto-confiança, acredite no poder da intuição “gut-level” e aja naquilo que considerar correcto. Pessoas positivas atraem pessoas positivas.

Podemos ficar desiludidos, com algumas pessoas na nossa vida, mas não nos podemos esquecer, que muitas vezes também desiludimos os outros.

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